Estudo da Arquitetura Tradicional Alentejana
Cheguei a Mértola em 2015 para a recta final do projecto "A Arquitetura da Vila e do Termo", e não só ainda não me fui embora, como dúvido que alguma vez vá. O que não é inteiramente culpa minha; depois de anos a viajar pela Europa, descobri em Mértola mundos que não tinha encontrado antes; e o estímulo e apoio da equipa CAM foram decisivos tanto para começar um percurso na investigação como para avançar para um projecto próprio como bolseira de doutoramento FCT na área da arquitectura tradicional. Neste momento desenvolvo um projecto de investigação sobre a arquitetura tradicional alentejana, as suas tipologias, evolução e técnicas construtivas, entre a Universidade de Sevilla e o CAM.
O trabalho do CAM ao longo destes 40 anos fez de Mértola prazenteiro ponto de encontro e partilha de conhecimento; e a biblioteca do CAM um recurso de primeira linha para investigadores a sul do Tejo. Mais que isso, o exemplo de Mértola como projecto de revitalização da comunidade através da riqueza patrimonial é, no mínimo, encorajador para todas as pequenas comunidades do interior do Alentejo, e todos os que não desejam a imposição de uma vida compactada em mega metrópoles. É reconfortante saber que não estamos condenados à extinção. E, como investigador, é fundamental ter a prespectiva que o conhecimento obtido não se esgota por si, tem implicação na comunidade onde se desenrola e pode aportar-lhe mais valias. Que investigador tem obrigação perante a comunidade de contribuir com o seu trabalho nas esferas sociais e políticas, pode ter sido a grande lição que me deu Mértola.
E como se a excelência investigadora dirigida à construção de uma comunidade não fosse suficiente motivo para tornar Mértola excepcional, há gaspacho com peixe do rio. Não me tiram daqui.