“Uma vida dedicada” à investigação histórica e às causas do património cultural e da arqueologia.
O Governo decidiu atribuir a Medalha de Mérito Cultural a Cláudio Torres, arqueólogo de Mértola, como reconhecimento de “uma vida dedicada” à investigação histórica e às causas do património cultural e da arqueologia peninsular.
“Em reconhecimento do inestimável trabalho de uma vida dedicada ao estudo e à investigação histórica e às causas do património cultural e da arqueologia peninsular, tendo ajudado a preservar e a compreender, com a sua obra, uma parcela fundamental da nossa memória colectiva, entende o Governo português prestar pública homenagem a Cláudio Torres, concedendo-lhe a Medalha de Mérito Cultural”, refere o gabinete da ministra da Cultura, Graça Fonseca, em comunicado enviado à agência Lusa.
A medalha será entregue pela Ministra da Cultura Graça Fonseca numa cerimónia em Mértola, na Sede do CAM, no dia 11 de Fevereiro, dia em que Cláudio Torres completa 81 anos.
“Em 1978, a convite do primeiro presidente da Câmara de Mértola eleito em democracia, António Serrão Martins, Cláudio Torres "lançou mãos à obra” na “vila-museu”, onde, em 1978, fundou o Campo Arqueológico de Mértola (CAM), que dirige, e para onde se mudou definitivamente, em 1986, depois do afastamento definitivo da Faculdade de Letras.
“O trabalho pioneiro de Cláudio Torres, já em democracia, contribuiu decisivamente para a mudança da historiografia portuguesa no que diz respeito ao papel do legado islâmico em Portugal e, por essa via, para um maior e mais justo conhecimento da nossa história”, refere o ministério.
A fundação, a longevidade e os resultados globais do CAM, não só para a vila e o concelho de Mértola, mas também para todo o Alentejo, “demonstraram a relevância que os projectos culturais podem ter enquanto factor de desenvolvimento sustentável e como alavanca para a coesão do território”.
“Devemos a Cláudio Torres a visão avançada neste domínio e a sua aplicação em liberdade e democracia”, refere o gabinete de Graça Fonseca, frisando que a visão do arqueólogo “abriu uma nova perspectiva sobre a centralidade do património islâmico em Portugal, que nunca tinha sido possível antes dos seus estudos”.
“Esta será também uma via para a manutenção da paz e para a diplomacia cultural portuguesa com os países que partilham a história e a cultura islâmicas”, frisa.
Cláudio Torres tem desenvolvido actividade científica na área do património cultural, nomeadamente nos domínios da arqueologia, da investigação histórica e da museologia. Na área da arqueologia e da investigação histórica, destaca-se, desde 1978, a direcção das escavações arqueológicas em Mértola.
No âmbito da sua actividade museográfica, fundou o Museu de Mértola e foi consultor e comissário de várias exposições exibidas em Portugal e Marrocos. Entre as obras publicadas, destacam-se Cerâmica Islâmica Portuguesa: Catálogo (1987), Mértola: vila museu (1989) e O Legado Islâmico em Portugal (1998).
Cláudio Torres já recebeu diversas distinções, destacando-se a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, concedida pelo Presidente da República (1993), Prémio Pessoa (1991), doutoramento honoris causa pela Universidade de Évora (2001) e Prémio das Academias Pontifícias do Vaticano concedido pelo Papa Francisco ao Campo Arqueológico de Mértola (2015).
Cláudio Torres fundou a revista Arqueologia Medieval e desempenhou vários cargos, como os de chefe da Divisão Sociocultural da Câmara de Mértola, entre 1986 e 1996, e director do Parque Natural do Vale do Guadiana, entre 1996 e 2002, data em que se reformou. Desde 2006, é membro do Conselho Consultivo na área do Património Cultural do Ministério da Cultura.
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